sábado, 10 de novembro de 2012

INSPIRAÇÃO

Espero. Não tenho mais o que fazer. Minutos passando, escalando emoções, depositando sensações. Ocasião perfeita para deixar as palavras fluirem. Mas elas não vêm. Atravessam direto para outra dimensão. Não cabem no papel. Não se expõem na tela.
Antevejo os desenhos transformados em letras. Balanço a árvore das ideias para ver se alguma mais madura me atinge. Tola ambição. Os frutos apodrecem sem que neles eu possa tocar.
Reviro o baú de intenções. São essas minhas falhas mais intensas. Grandes cúmplices de momentos criativos. No entanto, elas também me fogem. Sou uma mulher sem intenções agora. Quase sem pretensões.
Suspiro. O tédio domina meus pensamentos. De onde virão os sonhos? Estes sim constroem as palavras em mim. Doces, ácidas, quase livres, invadindo os corredores da imaginação. Resgato um ou dois, mas eles escapam pelas frestas do despertar. Tenho rastros oníricos por toda minha mente.
Divago. Te olho. Procuro em toda parte. Minhas mãos manchadas de tinta e a alma repleta de apelos. Escolho  o que me parece mais fácil. Teus sentimentos transformam-se em bolhas, translúcidas, frágeis, mas são tão perfeitos que me deixo dominar. Ladra, cansada, aposso-me do que tanto queres que eu veja.
Transpiras. Não ajo. Por encanto, ofertas são mais do que beijos, esses lampejos verbais. Dou nome ao que sentes. Escrevo. Denuncio cada detalhe como se fosse meu.
Ela veio. Forte, inteira, embalada em seda. Descubro camada por camada com cuidado, com quase amor. Dela me cubro. Mergulho, sem susto, nesta tão esperada inspiração.


Um comentário:

Felipe Greco disse...

É... Muitas imagens e sons. VC é grande!