segunda-feira, 27 de julho de 2009

O MUNDO VIRTUAL




Tempos difíceis. Ou serão tempos virtualmente imperfeitos? Às vezes, me perco entre tantos e-mails de amigos quase desconhecidos que lotam minha caixa postal com mensagens repassadas de misteriosos autores.
Por outro lado, a possibilidade de rever velhos amigos perdidos em algum lugar da minha remota infância quase me faz buscar a beatificação de Nossa Senhora do Sagrado Cosmo Virtual. Sim, porque tem de haver alguma coisa do tipo no contexto atual.
Atravesso algumas noites insones rastreando páginas intrigantes que me levam a lugares interessantes e assim vou esgotando meu tempo real em promessas virtuais. O mundo ampliou-se com a tecnologia da informática, tornou-se veloz, mais repleto, enorme, gordo e preguiçoso.
Passamos a ter uma certa preguiça mental e até mesmo emocional para lidar com relacionamentos concretos. O computador oferece uma barreira de proteção que nos leva à ilusão de que somos ótimos e temos um milhão de amigos legais. De onde te conheço mesmo? Claro, do Orkut , da página de fulano que faz parte daquela comunidade... Ahhh... somos amigos? Ah, entendo: só virtualmente.
E se alguma dúvida me persegue, apelo para o meu amigo Google, senhor de todos os conhecimentos. E acho. Acho muito material. Acho pesquisas, fotos, imagens e muito lixo que não pode ser reciclado por neurônio algum.
Não tenho como negar. Vou ter que confessar. Entreguei-me sem pudores ao maravilhoso mundo novo virtual.

domingo, 12 de julho de 2009

Compulsão por acentos


Em plena adaptação às normas regras ortográficas, ainda me choco com uma avalanche de acentos agudos mal empregados. Há realmente uma licença poética que autoriza o uso de acento agudo nos monossílabos terminados em u? De onde vem essa síndrome que leva os incultos e os até letrados a empregar acentuação nessa pobre vogal? Mu, tu, zu, bu, e até mesmo um palavrão recebem o ´.

Discuti a questão com um amigo físico - talvez, disse-lhe eu, as pessoas estejam tão preocupadas com a incidência da dengue que queiram evitar que a concovidade da letra U encha-se de água parada. Então usam o acento para formar uma proteção contra a chuva... Então, ele me respondeu que, neste caso, seria melhor empregar o acento ^ , que protegeria melhor o recipiente... Sim, muitas viagens, muitas divagações e nenhuma explicação.

Se os nomes Juliana, Luciana, Murilo, Sula não possuem acento, por que seus apelidos recebem o sinal gráfico e viram Jú, Lú, Mú, Cú...? Ai, me empolguei na indignação ortográfica. Qual a explicação para tal fenômeno? Eu acho feio e desnecessário.

Não tenho neurose por acentos, pois o meu próprio nome deveria levar acento no primeiro a, mas eu não o escrevo assim porque não fui registrada assim... hum, será errado isso? Tudo bem, vou ser mais tolerante com os us acentuados. Eles não sabem o que fazem ou, talvez, saibam mas gostam assim. Fazer o quê?

terça-feira, 7 de julho de 2009

Novidades Pesadas


Sempre que pergunto por novidades, associo as mesmas a coisas boas como o nascimento de um nenês fofo, uma gestação acalentada, um casamentos planejado com ansiedade, o emprego maravilhoso, aquela viagenm espetacular... qualquer coisa, desde que seja algo bom, como a compra de um picolé.

Entretanto, nem sempre a resposta vem acompanhada de um sorriso e sim de um franzir de testa e de palavras. Não, nem tudo está bem. Alguém morreu. Alguém ficou muito doente. Alguém perdeu o emprego, o marido, o amante ou os três juntos. Não, viver não é sempre uma grande novidade, às vezes é uma pesada sequência de acontecimentos. E aí o choque da realidade me derruba ao chão sem piedade. O mundo não é mais perfeito como há dois minutos atrás - pessoas queridas morrem (não só Michael Jackson), pessoas próximas adoecem e nem sempre há curas maravilhosas e rápidas. Ou então, as pessoas simplesmente se perdem no seu próprio enredo.

Ser contaminada pela realidade é ceder ao pesado pano do infortúnio que só se rasga com risadas espontaneas.

Ah, não quero essas novidades, mas consigo digeri-las. Não gosto, mas sou eficiente nisso. Não acho justo, mas sigo em frente. E continuo perguntando por novidades. E continuo acreditando que sempre serão alegres, leves e deliciosas.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A arte da decepção


Decepciono-me à segunda vista. Não logo de cara, mas aos poucos. Um dia depois, uma semana depois, um mês se tanto. Mas me decepciono. Lindamente. Quase placidamente.
Primeiro olho a pessoa, o objeto da minha curiosidade, e a cerco de todas as indagações que me permitir a educação. E a adoro, com a ingenuidade de uma criança desembrulhando um novo brinquedo. Adoro seus detalhes revelados de uma personalidade até então desconhecida. Adoro todas suas piadas ou seu intrigante silêncio. Valorizo sua singularidade, exteriorizo minha vulgaridade. Sou plena e lenta na construção desta nova amizade. Mas, eu disse, eu me decepciono! A decepção surge quando a pessoa diz algo que não se encaixa no enredo do episódio que secretamente elaborei para aquele momento. Decepciono-me com uma ponta de leviandade, com a presença constante de uma humanidade errante.
Assim, faço descer do pedestal de cristal o ser que ainda ostenta a coroa da minha adoração. Desça, desça, desça bem depressa para que possamos finalmente nos conhecer.
E então, selecionando os que devem ficar e os que nem quero mais olhar, abraço aquele que posso chamar de amigo, mesmo com todas suas falhas e promessas de decepções futuras. Porque agora somos nós, dois imperfeitos, caminhando para uma possível relação.