domingo, 31 de julho de 2011

EMBARCANDO NO SEGUNDO VAGÃO

Hora de mais um recomeçar. Segundo semestre oficialmente aberto à caçada de expectativas guardadas. Olhares assustados com a velocidade do tempo e uma certa preguiça de retomar a rotina. Agosto surge desafiante, tirando o pó dos planos engavetados logo no começo do ano.
Peguem as malas e corram para a estação. O trem do segundo semestre já está partindo. Cuidado , ele é pontual e não admite atrasos. Coincidindo com o dia nacional da Suíça, a pontualidade do primeiro dia de agosto é notável.
Gosto de começos, recomeços, pontos de partida que apontem como setas para um objetivo. Tudo é muito subjetivo e vago, mas o calendário nos dá uma certa sensação de segurança, de garantia matemática da passagem do Senhor Tempo. Não discuto com a cronologia que percorre meu corpo e alma. Não calculo meus dias pelas linhas, marcas, cortes e cicatrizes. Aceito o cair constante da areia na ampulheta da vida. Às vezes, tenho muita pressa. Do quê, não faço a menor ideia. Acostumei-me à afobação do cotidiano. Outras vezes, esbarro na minha própria letargia como quem observa admirada o esplendor da relva ou o glamour de outros tempos.
Vamos! Meu pé direito já alcança o primeiro degrau do segundo vagão. Primeira classe ou não, o importante é o embarque, o suave balanço nos trilhos, a paisagem correndo pela janela. Quero companhia de qualidade nessa viagem para que o destino, seja ele qual for, seja alcançado com alegria e glória. Nada menos do que isso.

domingo, 24 de julho de 2011

CABEÇA FRACA x CABEÇA FORTE

Com a morte da cantora Amy Winehouse, instalou-se em todos os tipos de conversa as razões da sua partida tão prematura. Uma jovem deixar assim a vida causa sempre um choque. Porque poderia ser sua filha, sua sobrinha, a vizinha ou você. Ela assumiu um risco? Ou todos do mundo? Talento desperdiçado, vida encurtada, mito criado.
Lendo os comentários sobre a repercussão da possível overdose da cantora-diva do pop, deparei-me com uma defesa tímida de um amigo ao chamá-la de cabeça fraca. Aí fiquei pensando no que seria uma pessoa cabeça fraca. Nasce cabeça fraca ou enfraquece os neurônios com o desenrolar dos dias, meses, anos e décadas?
E quem tem cabeça forte, nasce assim ou toma vitaminas cerebrais? O que não mata, fortalece - diz o ditado. Eu já acho que o que não mata pode aleijar. Sentimentos aleijados podem ser piores do que a própria morte.
Dez anos a mil ou mil anos a dez? Vinte e sete anos não é uma vida inteira, é vida cortada ao meio, estragada no auge do surgimento de uma constelação.
Não sei se tenho cabeça forte ou fraca. Sei que tenho momentos de fortaleza inquestionável e de fraqueza insuportável. Ninguém é uma coisa só, definida e definitiva.
Por ser fraca e forte, entendo e lamento a curta jornada de uma artista que em algum momento perdeu o rumo e deixou as coisas acontecerem ao invés de acontecer nas coisas. E deu-se o caos do qual ninguém está livre.
Paz !

sexta-feira, 22 de julho de 2011

UM FIM DE SEMANA PARA SE DESPEDIR

Ela resolveu dar férias ao que já não existia de verdade. Fez as malas e as empilhou na porta de casa. Abarrotadas de recordações, maldições e outras coisas tão desnecessárias. Olhou para aquele arranjo mal sucedido de um dia de adeus. De tanto experimentar e viver cada momento ali arquivado, podia citar um a um com detalhes delicados e alguns sórdidos.
Ela deteve-se no hall do quase esquecimento. Olhou para as paredes desgastadas pelo tempo, pelo vento da indiferença que enfeiava tudo por lá. Não sentir é quase matar as memórias que vivem em outra pessoa.
Resolvida, girou a maçaneta, abriu a porta e deixou o presente carregar a bagagem passada. Não teve tempo para remorsos ou sentimentalismos.
O fim de semana já lhe trazia tudo: horas para perdoar,  rever seus erros e sorrir para algumas colocações tão acertadas. Fazia as pazes com aqueles que não pertenciam mais a sua vida, mas que às vezes ainda assombravam sua mente.
E quando as recordações voaram para as gavetas do passado, ela sorriu. Porque já não a atingiam, apenas tomavam assento em um lugar remoto. Deu as mãos para o que foi bom, mas precisava ir embora. Lentamente foi soltando as mãos, as bençãos, as indagações, os porquês, as falsas esperanças, o medo e o orgulho. A libertação dói no seu momento certo e desperta novas cores no horizonte.
Um fim de semana. Nem um dia a mais. Basta, ela falou enquanto fechava novamente a porta e caminhava para a escada. Subiu os degraus como quem sabe que só há um jeito de seguir em frente: deixar as sombras para trás.

NÃO GOSTO MAIS DA SUA MÚSICA

Sabe aquela música que sempre tocava no momento incerto de uma emoção mal interpretada e que ficou cravada na sua mente como um punhal? Aqueles compassos tão melodiosos que faziam as lágrimas surgirem do nada? As notas que rodopiavam procurando brechas na sua tão fadada insensatez? Pois é, a música morreu. Terminou esgarçada, triturada pelos dentes do cotidiano, alimentando o solo do esquecimento.
Aquela música era sua, não minha. Possuía passagens de loucura e bravura. Repousava nos ternos silêncios que se balançavam pendurados em colcheias em lua cheia. As linhas da pauta que tremiam ao menor sinal de abandono já não respondem mais à clave espaçosa no começo da partitura. Foi-se!
Se o rádio resgata a melodia dos porões ou do subsolo da memória, não a reconheço. Afasto os ouvidos de qualquer composição passada. Assumo meus novos compassos, sem dar lugar para gavetas mofadas ou partituras rasgadas.
Não gosto mais da sua música. Simples assim.

sábado, 16 de julho de 2011

E SE A MÚSICA NÃO TOCAR?

Há coisas que acontecem de maneira misteriosa. Ou simplesmente não acontecem. Você espera que a cena se encaixe no momento certo nos primeiros acordes de uma música especial. No entanto, a cenografia falha, o sonoplasta desiste de acrescentar aqueles compassos ao ritmo da sua vida e tudo se embaralha.
Há momentos que parecem ser regidos por um maestro temperamental, daqueles que amedrontam tanto os músicos quanto a plateia. Os instrumentos surgem como armas afiadas, granadas prontas para explodir em nossas mentes e varrer para sempre qualquer rastro de sensatez.
Há pessoas que desfilam em nossas vidas como personagens em um trailer de filme. Seu andar coincide com a música de fundo e arrasta consigo as últimas notas de uma melodia inebriante.
Há acidentes que ousam perturbar a história de soldados e desertores. Suprimem qualquer possibilidade de recomeço, como um furacão destruindo as ilusões e aceleram o desfecho.
Mas e se a música não tocar? Se não houver nada, nem prazer, nem angústia, só um silêncio perturbador?
Ainda prefiro o desenrolar atrapalhado dos dias que se debatem e são empurrados contra o muro do acaso. Ainda escolho os compassos sem harmonia, os contrapontos e as pausas momentâneas. Porque a vida é assim: música viva.

domingo, 10 de julho de 2011

A TRILHA SONORA DOS NOSSOS DIAS

Ainda não sei se escrevo melhor no silêncio ou ao som de canções inspiradoras. Escrevo o que corre na mente e nem sempre recolho o que escorre. As músicas empurram as palavras, engatilhando-as em frases que caem surpresas no papel. A melodia percorre meus neurônios e assume o controle das emoções a serem deflagradas no momento seguinte. É assim que é. A inspiração que antecede o ato e o grand finalle que parece nunca surgir na hora certa.


Instrumentos de corda ao fundo ou a percussão mais pesada do planeta? Não importa. Cada momento da nossa vida poderia ser acompanhado de uma trilha sonora específica. Como em um espetacular vídeo clipe, a rotina seria mais colorida e mais iluminada. As lembranças ficariam arquivadas com som, cor, aroma e mais o que viesse no pacote.

Difícil escolher uma melodia certa para o episódio em questão. Temos músicas especiais que nos levam a quilômetros de distância, a anos luz na existência. Os sentimentos não mudam, mas as emoções liberadas ficam mescladas com a intensidade do ritmo, as pausas, os contratempos, o agudo e o grave de uma voz qualquer.

As´músicas emprestam asas às minhas palavras e elevam o nível das minhas lembranças. Intensificam fatos vividos, debocham de outros capítulos que insisto em reprisar. Há música para tudo, para todos os dias e todas as noites. O som preenche o que antes não existia.

Que todos nós possamos caprichar na escolha da trilha sonora de nossas vidas e assim, embriagados pelas notas mágicas, seguir em frente mais felizes.

terça-feira, 5 de julho de 2011

E NÃO OLHE PRA TRÁS...

Nas pausas das esperas, as mães conversam. Trocam opiniões sobre momentos cruciais em suas vidas como o primeiro dia do filho na escola. Para algumas, a separação, mesmo breve, parece uma tortura. Para outras, é um marco na sequência de desenvolvimento das crianças. Para mim, foi a emoção do primeiro ato independente.
Laura queixa-se porque sua filha Ana não se agarrou as suas pernas chorando para que não a deixasse ali naquele lugar, com aquelas pessoas estranhas. Bia confessa que chorou depois de conseguir convencer os gêmeos a ficarem na escola. Há uma certa incoerência nos sentimentos maternos. Não se quer que o filho sofra, nem se apegue a momentos difíceis. Ao mesmo tempo, há uma certa melancolia ao perceber que o rebento pode sobreviver longe do ninho, do colo materno.
Eu lembro muito bem quando minha filha chorou na porta da escola. Não porque eu ia deixá-la ali, mas porque queria entrar, queria fazer parte daquele mundo tão interessante com outros seres como ela. A diretora deixou a menina de 2 anos entrar, mexer nos brinquedos e até participar da aula de dança das crianças maiorzinhas. E lá ela estava feliz, pronta para aquela nova aventura. Difícil foi convencê-la de que não era ainda a sua hora. Ainda faltavam alguns meses para que fosse matriculada na escola. Mas quando o dia chegou, ela triunfou. Acostumada a ficar só comigo, provavelmente estranharia o afastamento. Todos me alertaram : essa menina vai dar trabalho, vai abrir o berreiro na porta do colégio. Não escutei, eu conhecia minha filha. E lá foi ela, uniforme novo, mochila nova de carrinho,  que ela mesma puxava toda confiante do alto dos seus quase três anos. Dei um beijo na sua bochecha fofa e a entreguei às professoras na porta. Ela olhou para trás? Não, nem uma vez. Nada, nem um passo hesitante. E eu? Feliz, muito feliz pelo vôo independente e cheio de segurança da minha cria.

domingo, 3 de julho de 2011

* UMA ESPOSA EXPATRIADA * one expat wife: SUPER-MEGA-SORTEIO BRASIL-TAILANDIA + MEU LUGAR FA...

* UMA ESPOSA EXPATRIADA * one expat wife: SUPER-MEGA-SORTEIO BRASIL-TAILANDIA + MEU LUGAR FA...: "Queridos Amigos BLOGUEIROS e NÃO-BLOGUEIROS, HOJE completamos 2 ANOS DE BLOG, e no próximo DIA 21 faço ANIVERSÁRIO (como minha irmã gemea,..."

sábado, 2 de julho de 2011

A AMIZADE E O PERFUME

Fui lá, confiante como uma estudante nas aulas de redação, tentar definir o que é amizade e o quanto os amigos são importantes no meu caminho. Postei minhas palavras no blog alheio, querendo participar de um sorteio. Achei que seria pura questão de sorte, mas no fim foi muito melhor: gostaram do que escrevi. O perfume perfumará meu corpo, mas desde já perfuma minha alma como um troféu. Ah, a vaidade humana....
Devo dizer que sou feliz em termos de amigos, porque eles não me desapontaram mais do que eu a mim mesma. Todos tão diferentes entre si e todos tão queridos. Todos tão urgentes no meu crescimento pessoal e tão merecedores de graças e afagos. E o texto que me rendeu um perfume foi:


Dizem que a amizade é o amor com asas. Talvez porque deixe o outro voar, sem posse, sem exigir garantia alguma. Amigos são amores sem amarras , comprometidos apenas com a troca de afeição e de broncas necessárias.