terça-feira, 5 de julho de 2011

E NÃO OLHE PRA TRÁS...

Nas pausas das esperas, as mães conversam. Trocam opiniões sobre momentos cruciais em suas vidas como o primeiro dia do filho na escola. Para algumas, a separação, mesmo breve, parece uma tortura. Para outras, é um marco na sequência de desenvolvimento das crianças. Para mim, foi a emoção do primeiro ato independente.
Laura queixa-se porque sua filha Ana não se agarrou as suas pernas chorando para que não a deixasse ali naquele lugar, com aquelas pessoas estranhas. Bia confessa que chorou depois de conseguir convencer os gêmeos a ficarem na escola. Há uma certa incoerência nos sentimentos maternos. Não se quer que o filho sofra, nem se apegue a momentos difíceis. Ao mesmo tempo, há uma certa melancolia ao perceber que o rebento pode sobreviver longe do ninho, do colo materno.
Eu lembro muito bem quando minha filha chorou na porta da escola. Não porque eu ia deixá-la ali, mas porque queria entrar, queria fazer parte daquele mundo tão interessante com outros seres como ela. A diretora deixou a menina de 2 anos entrar, mexer nos brinquedos e até participar da aula de dança das crianças maiorzinhas. E lá ela estava feliz, pronta para aquela nova aventura. Difícil foi convencê-la de que não era ainda a sua hora. Ainda faltavam alguns meses para que fosse matriculada na escola. Mas quando o dia chegou, ela triunfou. Acostumada a ficar só comigo, provavelmente estranharia o afastamento. Todos me alertaram : essa menina vai dar trabalho, vai abrir o berreiro na porta do colégio. Não escutei, eu conhecia minha filha. E lá foi ela, uniforme novo, mochila nova de carrinho,  que ela mesma puxava toda confiante do alto dos seus quase três anos. Dei um beijo na sua bochecha fofa e a entreguei às professoras na porta. Ela olhou para trás? Não, nem uma vez. Nada, nem um passo hesitante. E eu? Feliz, muito feliz pelo vôo independente e cheio de segurança da minha cria.

4 comentários:

Ana Silva disse...

Saudades da época em que eu ficava lendo enquanto eles nadavam..um olho no livro.outro na piscina..ou nas aulas de ballet..ou no karatê..bons tempos..Hj estão independentes e estou nafase de ir buscar nas baladas..Mas, tb há seus encantos..eles entram no carro cheios de alegria e com muitas novidades pra contar..mesmo que sejam 3 horas da manhã...ou seja, depois q eles nascem, não dormimos mais..rs ou porque estão chorando, doentes ou vindo das baladas..cada idade..seu encanto..

Ana Silva disse...

Oi! Gostei tanto do seu texto que tomei a liberdade de fazer um link do meu blog para este texto..Dá uma olhada:www.considerasobreeducacao.blogspot.com
Se vc não quiser, posso deletar.
Bjos

Renata C., UMA EXPATRIADA (mulher moderna, esposa, mãe...) disse...

Hoje aconteceu comigo exatamente isso. Foi o segundo dia de aula do pequeno na ESCOLA NOVA, ele saiu do carro, foi entrando, nem olhou pra tras, nem deu tchau, nem nada! So' mandou um beijinho porque a professora perguntou "nao vai mandar um beijinho pra mae?"! kkkkk!
Filhos do Mundo!
Bjs!

Anônimo disse...

Verdade, Roberta, quantos sentimentos contraditórios.
Outro dia meu filhinho mais novo não quis ir com o pai e ele perguntou, "mas você não vai sentir falta do papai?" E ele, "Não". Senti o desapontamento nos olhos dele.