Sabe aquela música que sempre tocava no momento incerto de uma emoção mal interpretada e que ficou cravada na sua mente como um punhal? Aqueles compassos tão melodiosos que faziam as lágrimas surgirem do nada? As notas que rodopiavam procurando brechas na sua tão fadada insensatez? Pois é, a música morreu. Terminou esgarçada, triturada pelos dentes do cotidiano, alimentando o solo do esquecimento.
Aquela música era sua, não minha. Possuía passagens de loucura e bravura. Repousava nos ternos silêncios que se balançavam pendurados em colcheias em lua cheia. As linhas da pauta que tremiam ao menor sinal de abandono já não respondem mais à clave espaçosa no começo da partitura. Foi-se!
Se o rádio resgata a melodia dos porões ou do subsolo da memória, não a reconheço. Afasto os ouvidos de qualquer composição passada. Assumo meus novos compassos, sem dar lugar para gavetas mofadas ou partituras rasgadas.
Não gosto mais da sua música. Simples assim.
2 comentários:
Simples assim???
Simples assim, sem mais.
Exatamente!
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