domingo, 5 de janeiro de 2014

OUTRA SEGUNDA


Ela lentamente se posicionou no seu contrário. Queria ter forças para desafiar o dia para um duelo. Sorriu debochando do que viria, do que se instalaria como a sua realidade. Tinha preguiça, desconfiança, mas nenhuma culpa. A culpa é para os fracos, repetia sua mente.
Era mais uma segunda-feira que se revelava em cinzas. Já passados e finados os dias que pouco valiam. Ela agora contava as horas para mais uma lua explodir em dragões e guerreiros. Salve, Jorge! O seu Jorge, que aos poucos, deixava de ser sonho para sucumbir em crateras.
A chuva anunciava luar desconhecido. A tarde estaria a brincar com suas dúvidas e questões particulares. Pensou em jardins, mas as flores respingadas encolhiam-se sem cor. Lembrou-se de florestas, mas só enxergou as flechas cravadas nos troncos mais altos. Resolveu não pensar, já que agora era toda sentir.
Mais alguma espera e tudo seria noite. Para cobrir a expectativa de algum efeito. Era o moço suspeito, mas sem provas, ela o libertou.
Não devia ser assim, o eleito. Era mais sombra do que presença.
E a chuva a lavar o dia, carregou mais do que depressa, os minutos que lhe entristeciam. Molhada, se fez contente. Já que era essa sua opção para o presente.


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