Houve um tempo que
bastava existir. Não precisava justificar cada emoção com uma razão. Não sentíamos a vida correr tão rápido. E de
fundo, a trilha sonora da nossa vida. Muitas músicas desenrolando os
acontecimentos ora marcantes ora maçantes. E nesse tempo perdido entre os
séculos, fiz minha coleção musical na intenção de mostrar minha alma quando
dela me afugentasse.
Entre os vários compassos
que compartilhamos em silêncio, em total ignorância um do outro, as pausas
revelaram-se longas demais. Os acordes foram mais dissonantes por causa de
dúvidas juvenis. A leitura das partituras se tornou falha porque passei a
duvidar da possibilidade do encontro. Os mundos não se cruzavam e as nossas
vidas não se alcançavam. Na tentativa de mais uma história feliz, muitas
melodias foram arquivadas. O sótão está cheio dessas notas penduradas em
memórias que não nos pertencem. O senhor do tempo foi mais longe.
Cada música marca assim
uma década, um determinado ano que vivemos em lados diferentes, mas em geração
única. Somos contemporâneos quase vizinhos. Mas como diz a música Flor de Lis,
o destino não quis e o meu jardim da vida ressecou ou morreu.
Guardo com carinho todas
as canções, todas as baladinhas ingênuas e todos os grandes sucessos como
homenagem a nós mesmos. Nós que vivemos pouco um do outro, que perdemos a
chance de um encontro no meio do caminho, que nos livramos dos males um do
outro, que nos fixamos em portos diferentes, que acendemos lareiras em
acampamentos distantes. Nós que perdemos as músicas, que não soubemos de onde o
som vinha e por isso nos queixamos do barulho. Amamos as músicas, mas as
perdemos juntos.
3 comentários:
Fico sem palavras td vez q leio seu blog. Mais um texto maravilhoso.
Tem uma música pro tempo da faculdade tb?
Anna, tenho várias músicas para o tempo da faculdade. Tem música da Blitz, do Djavan, do Legião Urbana, do Paralamas do Sucesso.Fora a trilha internacional. A faculdade foi um clipe de sucesso!
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