domingo, 10 de fevereiro de 2013

GOTAS DE ESQUECIMENTO

O momento apresenta-se despido de qualquer novidade. Opaco, neutro, inodoro. Perdido e jogado sobre o mármore da indiferença. Como um bêbado perdido em noite de folia. Sem som, sem noção, quase um tropeção.
Percebo a costura vã dos acontecimentos. Nada segura os pontos do que ainda não se firmou. A fragilidade dos remendos revelam falhas aqui e ali. O bordado desfeito que o tempo negou-se a alinhavar.
Em todos os passos, um hesitar quase nato. Sei que possuo mais talento para rasgar do que para alinhavar. Corto com a mesma facilidade com que me provocam. Sem medo de confundir tecido com pele, impressão com realidade, dor com essa coisa chamada amor.
Chuva de linhas, perdidas memórias. Esquecer perdoaria o tempo desperdiçado. As palavras batendo como gotas contra a vidraça. Perder, deixar aquarelar o enredo, soltar as notas que servem de lembretes. Negociar com a consciência, administrar os sonhos que escalam os muros da lucidez. É impróprio. É quase mórbido. Mas jogo embriagada com o que já esqueci
 


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