sábado, 1 de junho de 2013

EXPULSA

Dali, não se via nada. Nem uma lua desfocada. Era tudo inexata escuridão Por todos os lados, um vazio de intenções. A distância já fizera sua parte. O que fora promessa e expectativa, ficou na primeira esquina do esquecimento.
Os pés continuavam firmes. Passos em sapatos de outro alguém. Alguns, ela nem queria ter dado. Desejara tanto seguir adiante naquela trilha torta e incerta. No entanto, nada era só escolha sua. Havia, por direito e honra, outros envolvidos. Fez força para respeitar decisões alheias, mas se sentia pressionada pelo desejo. E falou. Quase gritou. Ninguém gostou
Os aplausos não vieram. A noite entregava-se sem solução. O silêncio ecoando pelos corredores frios da reprovação. Portas abertas, par em par, apontando o caminho lá fora. 
Ela assim foi. Despida dos últimos agradecimentos. Subindo escadas carregando uma única certeza: a descida. Os degraus pareciam intermináveis, como peças de dominó em queda programada. 
Enfim, chegou à rua, sem lua. Todas as rotas traçadas em lápis de cor estavam agora apagadas pela decepção. A música cessara em algum momento da subida. Não havia qualquer chance de resgatar compassos ou cúmplices. Estava só e em silêncio. 
O caminho não parecia fácil, mas também não contou as pedras. Era a volta. Ao real, ao indiscutível terreno da verdade. Ali estava, dali não se furtara. Com suas mãos, abriria portões e seguiria. Porque um dia saberia encontrar o seu lugar. 

 
 

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