domingo, 16 de junho de 2013

MARCAS NA ESCADA


Santo, nem tanto. Em altares estranhos, consagrado. Pagão, de fato. De todos os nomes apelidado, guardião do querer e do poder. As marcas de vasos postos aos seus pés. Manchas úmidas de um depositar contínuo. O eco dos soluços nos degraus. São eles, aqueles que ainda acreditam. 
Teria sido belo? Teria sido em algum momento meu? Não de posse, mas de sentimento guardado em dias de plenitude?
Cansada de ouvir sobre a impossibilidade do seu desejo, aguardo em silêncio.  Sento-me na escada. Assisto aos jogos em andamento. Verifico os hematomas em formação. Descanso em suas verdades, nas horas que adquirem vida própria. Tudo em movimento nessa pausa que me permiti. 
Ele não aposta em minhas decisões, nas minhas reais conclusões e escolhas. Decidido está. Não volto atrás. Chave perdida, porta fechada. Só por um tempo, longo talvez, com asas, não sei. 
A liberdade recai em quem nela acredita. O preço nem sempre compensa, eu sei. Eu colho, recolho, escolho, me encolho. 
Tudo em mim é deserto de intenções maiores. A sua presença resume minhas opções. Tenho mais coragem em tempestades do que na janela da eternidade. E ele ali: como altar, pilar, patamar dos deuses. 
Cato, sem encanto, as pétalas caídas. Nem santo, nem anjo, nem deus. Um mero cavaleiro errante, nem tão cavalheiro assim. Aos seus pés, nunca. Em sua mente, talvez. Para sempre marca, nódulo, cicatriz em brasa, lembrança ativa. Tudo por mim encantado, incluído e bem-vindo. 

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