quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A RESPOSTA PODE ESTAR NAS NUVENS

Maria olhou para o céu. Quase limpo, quase liso. Algumas nuvens espalhadas pelo vento manso da tarde. Reclamou algo baixinho enquanto desviava de mais um buraco na calçada.
A irritação misturava-se a uma espécie de tédio que nela se instalava mais do que o necessário. Estava com boa saúde, seu pé esquerdo já não doía tanto e tudo parecia bem. No entanto, uma certa prostração caminhava em sua direção e por mais que ela acendesse o sinal de alerta, não conseguia espantar o pesar da angústia.
Decerto, algum distúrbio hormonal estava acontecendo em seu organismo. Contou os dias do seu ciclo e até o número se encaixava numa possível TPM. Maria ainda retrucou - Nunca fui disso! Se não era isso, o que seria?
Olhou novamente para o céu. Os pequenos montes brancos começavam a se avolumar com velocidade. Iria chover? Iria trovejar? Iria cair uma tempestade daquelas? Não, não parecia haver uma ameaça imediata.
Quando pequena, Maria descobriu que seu humor reagia dramaticamente à aproximação de uma tempestade. Ficava irritada, nervosa, apreensiva e quando os primeiros pingos de chuva batiam no chão, tudo se acalmava. Era como se toda a eletricidade contida no céu se espalhasse na sua mente e corpo. Sou um radar de chuva, brincava.
Pela terceira vez, olhou para o céu e desta vez, quase tropeçou no cachorro do vizinho. Nuvens fofas espalhando-se como dançando uma valsa. Sem explicações para os seus instintos à flor da pele, Maria conformou-se: era tudo bobagem ou a resposta poderia mesmo estar escondida entre as nuvens.

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