domingo, 6 de novembro de 2011

O CAVALEIRO DOS SONHOS


Certa vez, no reino dos sonhos, aconteceu. Surgiu o cavaleiro que antes de tudo era um cavalheiro.E este se entrelaçou às raízes das minhas memórias e por lá ficou. Era quase um aviso, uma premonição, um resgate de algo que viria e nunca chegou.
O cavaleiro, nem tão alto, nem tão lindo, nem tão nobre, revelou-se impressionante. O olhar de cortar sentimentos ao meio e retalhar esperanças. Era claro, duro, gelado, quase cruel. Mas era também impaciente, irritado por não controlar o desejo. 
Ele, montado no seu cavalo sem cor, sem recordação; ela em pé, descalça e camponesa. Rainha na sua coragem de quem não tem nada a perder. Enfrentava aquele homem sem se incomodar com a diferença que tinham em tudo. Flutuava na imposição da sua própria vontade.
O cavaleiro já não era mesmo senhor de si, perdido na intensidade do desejo. Acreditou que era apenas uma fatalidade aquele instante. Segurou rédeas e sentimentos com firmeza. Se pudesse pisotearia tudo que ali nascia. Mas era um cavalheiro, mesmo em duelos já perdidos, porta-se com elegância e gentileza. A emoção do encontro, muitas vezes, se alimenta do desejo que se move entre os vãos da razão e da sensatez.

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