quinta-feira, 19 de abril de 2012

TORMENTAS NO PARAÍSO


Eu ainda lembro da primeira fagulha despertada, da sede desenfreada, da incerteza congelando tudo por dentro.
Lembro de pular sem rede de proteção, de cair sem tocar o chão, de experimentar inferno e paraíso em questão de segundos.
Lembro de dizer a verdade, mas também de não ocultar a mentira.
Lembro do doce, do ácido, do mais amargo
Lembro do que foi quase e do pouco que ficou pra trás, de todos os riscos, de todos os acertos e dos erros tatuados em mim
Lembro da minha coragem, da minha  esperança vã de mudar de direção, de voltar atrás e não encontrar mais nada
Lembro de sentar e quase chorar e depois rir porque tudo é muito pouco
Lembro do muito pouco que já havia sido o bastante e de que eu queria apenas esquecer
Lembro de dizer adeus, mas sem muita certeza, de escorregar entre as palavras e apagar em cinzas
Lembro do  não, do talvez pendurado na janela da esperança
Lembro de ficar olhando o horizonte , de imaginar o fixo no lugar do mutável
Lembro do que já foi, do instante perdido e de nunca mais lembrar.
Não lembro mais.

Um comentário:

Meire Noya disse...

Claudia, carinha de anjo, palavras de mulher, atitude de guerreira ...
Claudia, amiga não tão presente mas que se faz marcar na força das suas palavas ...
Claudia, um dia quando crescer e se eu crescer ... quero ser como você ... Adoro seus textos, nos faz remeter em algum lugar do passado e olha que nem dá pra saber se este passado pertence a esta história que vivemos ou em outras dimensões ... Beijo grande em sua iluminada alma .