domingo, 29 de abril de 2012

POR DENTRO


E então aconteceu assim. De repente, em qualquer momento imprevisto, sem data marcada. Espaços abrindo-se como queimadas na sua alma. O susto de já ter sido quando nem se preparava ainda para ser. Como negar que ela estava ali: doce, plena e quase inocente?
Sorria e isso deveria ser sinal de paz. Mas não era... ou  quase era, mas algo que desconhecia sossego, que ainda não alcançara a chegada.
Ela corria, por dentro, por todas as veias, pela extensão da sua pele e borbulhava numa felicidade incontida. Mergulhava em seus beijos para tocar o chão dos seus desejos. Seus pés encostavam nas bordas frias e escorregadias daqueles tantos sentimentos que ele tentava esconder. E ela sorria e quase sempre ouvia as palavras que a alertavam para não arriscar demais, para se manter coerente e bela mas sempre na margem. E então, ela só podia gargalhar, porque não era mulher de margens, não tinha esses limites  definidos, nem sabia ao certo o que seria isso.
Ela já estava  dentro e  no mais profundo surgia . Água correndo, alcançando cada espaço, cada fresta, cada fenda desconhecida e só. Ora, redemoinho, ora lago tranquilo. Cachoeira em violenta queda, sem espera, sem licença, correndo, escorrendo, perdendo-se. Dentro, profundo, escuro, sem rumo. 

Nenhum comentário: