domingo, 1 de julho de 2012

ENQUANTO AGUARDO


Impaciente. Tamborilando os dedos na mesa já que não roo unhas. Se demorar um pouco mais, como um pedaço da vida e cuspo a espinha da ansiedade antes que me engasgue.
Não deveria demorar tanto. Deveria ser simples, fácil, fluido e delicado. Mas não! Tinha de complicar tudo, né, destino? Tinha de escolher bem aquele que não está tão disposto a desvendar meus mistérios. Não bastava ser desconhecido, tinha de ser desconhecido e ausente. Ausente e distante. Distante e ... sei lá, me perdi na lista.
Você vem ou não vem? Estou catando as chaves, vou trancar tudo e sumir. Some comigo. Some e consome logo o que tem por vir. Colore logo essas páginas para que eu possa reler tudo contigo. Ou então, viramos a página, rasgamos os textos, recortamos as figuras mais bonitas e colamos... as bocas. Sim, já passou a hora. Já venceu o prazo. Já perdemos o bonde, o trem, o avião e o jegue. Tá na hora, acorda, que eu não vou ficar de vez.
Eu aguardo. Lamento, me irrito, suspiro, chuto os bichos imaginários, mas aguardo. Xingo, bato no peito, no seu peito, mas espero. Arranho, grito, derramo o vinho, atiro os pratos gregos com ira italiana.
Enquanto aguardo, vê se prepara tudo. Vê se já vem pronto, não pela metade. Que de completar, já cansei de brincar.

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