Ela queria sumir. Não de uma maneira definitiva ou quase morrer. Queria apenas apagar sua trilha no mundo para que pudesse recomeçar. Esquecer do seu personagem cotidiano e encontrar a sua ilha particular emocional. Levaria pouca coisa. Levaria um pouco de si para constar como bagagem. Porque não queria mesmo levar muito. Queria mesmo é encontrar. Muito. De tudo.
Sumiria em férias. Embarcaria no primeiro avião que a levasse dali, daquele solo sem acontecimentos. Permitiria uma pequena tripulação a bordo, mas a piloto seria ela, claro. Não tinha intenção alguma de ceder a direção a ninguém mais.
Aceitaria sugestões, mas não as levaria tão a sério. Férias são férias e não merecem tantos planos. Esqueceria alguns sobre a mesa, outros entre os lençóis e aqueles mais sórdidos no arquivo morto.
Ah, não tinha tempo para simulações. Ou era pra valer, ou não era nada. Tencionava não gastar todo o seu entusiasmo na mesma praia deserta. Precisava do movimento das emoções desfilando em sua direção.
Talvez não fosse mesmo sumir. Tiraria férias e mergulharia naquele rio tão tentador. Sentiria frio a princípio e depois se aqueceria com a própria coragem. Teria intenções estranhas, reprovaria decisões alheias e afogaria o tédio.
Do alto da cachoeira, gritaria um nome. Talvez dois. Tudo bem, três ou quatro, mas os últimos nunca seriam mesmo os primeiros. Pisaria nas pedras e escorregaria para cair nos braços certos. Que fossem fortes o suficiente para suportar o peso do seu desejo.
E quando as férias acabassem, ela sentiria falta do que tinha sido. Olharia as malas vazias de promessas. Tanto espaço e tempo para recomeçar. E quando precisasse, outras esperanças teria e quando delas se fartasse, outras férias viriam.
Um comentário:
Gosto dos dias de chuva! dias de ficar em casa, curtir a família, aproveitar o aconchego do lar como hj!
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