terça-feira, 26 de março de 2013

CHOCOLATE

Poderia me oferecer uma cadeira e um sorriso. Não nessa ordem e disposição, mas poderia. Eu aceitaria sentar e esperar por um segundo sorriso. Teria sentido abandonar a liberdade por alguns momentos. Pertenceria a esse encontro com alegria e quase aceitação.
Puxe, então, uma cadeira e um sorriso. Ofereça-me o mundo e desapareça com o menu. Não, não quero mais ter que escolher. Quero o óbvio, o único, o inoportuno. Recomeçar quando a sintonia falhar. Atravessar mares quando o rio secar. Tentar o impossível só para não me acomodar no provável.
Aprecio as possibilidades. Se rio é por esquecimento. Por você, divirto o tolo e entrevisto o inevitável. Cubro-me de todos os sabores, só para não mais suscitar apetites. Serei ácida se o esperar for impreciso e frio. Salgarei seus intentos se não incluírem a mim como principal jornada. Amarga me tornarei se a vingança cutucar meus dias. Ah, mais doce me derramarei sobre seus planos, quase em paz.
Grudarei feito chocolate, calda a derreter, quente e invasora. Cobertura brilhante de segredos abençoados pelo mistério. De sorrisos completarei a bandeja de sonhos a mim oferecida. Negra, branca, ao leite, aos pedaços e toda sua.


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