sábado, 2 de março de 2013

FLOR DO CAMPO

Deveria ser homenageada com toda pompa e circunstância que merece uma rainha. Mas a vida lhe fez misturada, toda em cores transparentes, nessa plebe enlouquecida.
Quem dirá que ela reúne todas as formas em um só corpo? Pois ela passa, sem ser de Ipanema, com leveza e toda graça. Colorida como pintura naif, um tanto dark quando os dias se espremem, exibe tons jamais vistos.
Nos cabelos, guarda ouro, sol e às vezes trigo a balançar com o vento. Os olhos competem com o céu, azulejam poesias de encantamento e magia. A pele alva, manchada de beijos, pequenos presentes, ofertas dos anjos. Enferruja de beleza, trocando primavera e outono, como se fossem estações de brinquedo em risos multiplicados.
Estaria só assim, qualificada para reinos mais magníficos. No entanto, se faz bela por se saber tão necessária. Com lanças de aço e um coração em estilhaços, é guerreira em todos os espaços. Quer se cobrir com o breu da noite, mas só consegue se derramar toda em estrelas.
De pequena, não tem nada. Seus espaços pedem aplausos. Sua alma guarda segredos que aos poucos são revelados. Tem olhos que permitem ver todo o amor que pode haver nesse mundo e em outros mais. Inspira pieguices e outras "breguices", pois é tão fácil errar na dose quando se fala dessa moça.
Compartilhar do seu viver é muito mais do que só querer. É ter festa todo dia, nem que seja por luto ou cura.
Carrega ainda esse manto de dúvidas e, na cabeça, a coroa toda espinhada de culpa. Do quê, perguntaria você. E eu diria sem saber ao certo - acho que é de não pertencer a este mundo, de ser mais do que o possível plano apresentado, de se chocar como esplendorosa onda contra o rochedo da realidade. Deve ser culpada, sim. Por nos fazer sentido e sentimento, amar essa mulher que só espalha o que melhor pode. Flor perfumada do viver.


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