domingo, 16 de agosto de 2015

O QUE EU NÃO DISSE


Cansada e sob a pressa da emoção, deixei que a noite me alcançasse. Senti o abraço lunar infiltrar-se em meus planos. Sim, eu tinha uma estratégia traçada, elaborada nas entrelinhas. Mas, de repente, só consegui enxergar o céu encostar no mar. Recebi estrelas como testemunhas. Como não me calar?
Outra vez, pensei em recordar planos antigos, revisitar tesouros abandonados e aceitar a derrota sem desculpas. Recuei sorrindo.
Se fosse possível, não seria tão bom. Se fosse necessário, eu teria mais respostas. Se fosse seguro, eu buscaria novos riscos.
No entanto, aquela verdade guardada para o momento dissolveu-se em segundos. Não era tua. Nem mesmo minha. Só uma justificativa inventada para afugentar o medo.
Engoli as palavras antes que escapassem furiosas. Meus sentidos trançaram redes de proteção sem nós. Para te segurar. Por mim. Só para mim.
Talvez seja apenas egoísmo. Já que culpam tanto as estrelas, que seja assim. Há constelações demais conspirando pelo silêncio, pelo adormecer de fala inútil. Merecemos um acordo: seguir sem pesadelos e nos guardar das esquinas.
O que eu teria dito? Um pouco mais de tudo. Um pouco menos do nada. Teria verbalizado o sentimento, buscado escudo em versos.
O que eu não disse, já esqueci. Ficou pelo caminho de mais um engano. Deixou de existir no momento do teu olhar.

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