domingo, 16 de agosto de 2015

PAR


Sempre que se viam, logo surgia aquela nuvem de poeira. Talvez mera lembrança planando sobre os momentos mais doces. Pó a provocar tosse e encantamento. 
Fragmentos de estrelas ou pedaços de todos os sonhos despedaçados na espera. Valia a pena cada segundo trabalhado em silêncio. 
A explosão estelar nos olhos como magia revelando contos de fadas e outros poréns. Ela era feliz sem explicação. Dizia que o moço não lhe entendia as palavras. Que conversava com beijos e desenhava mensagens estranhas em abraços.
Ele não decorava suas falas, não decifrava seus enigmas, mas em seus braços segredava sonhos.
Não precisava mesmo entender, só aceitar. Deixar as mãos se entenderem em mudez combinada.
Que fossem os dois poetas ou estranhos. O universo com inveja lhes cedia passagem. Fossem esses loucos, dois apaixonados sem rumo, cometas sem órbita. Que fossem um par, lembrete da felicidade, promessa de algo mais.
Abraçados abrigavam o momento com agonia de condenados. Ele revistava os olhos a procura de esmeraldas ou outras cores.
O destino abrira as portas, sem reservas. Prometidos estavam: ele dela, ela dele. O resto era só boato de constelações.

Nenhum comentário: