quarta-feira, 12 de agosto de 2015

TALVEZ, QUEM SABE?




Talvez, ela nunca supere. Depois de tantos meses, anda por aí, embriagada de lembranças mal tecidas. Mesmo sem enxergar os riscos, sabe que ainda estão todos lá.
Desce escadas sem calcular a escuridão. Mesmo cansada, evita parar sem precisão. Às vezes, finge descaso e tenta pular os degraus do desespero. Meio que tropeça e quase rola como se fosse impedida de sofrer por qualquer mal.
É, pode ser que ela resista até o fim, colhendo as lascas caídas pelo caminho. Talvez, ela possua a dose certa de razão e loucura. Sem questionar as ordens que lhe vêm por dentro, reage com sorrisos aquele transbordar de sentidos. Que venham os abraços sem fim, os nós sem a pressa do desfazer.
Talvez, não haja para ela mais salvação. Os olhos que refletem a luz, cegam as expectativas. Será dela o paraíso? Terá ela a chave de todos os segredos de amor? Sem mais demora, beija a boca da felicidade como se outra opção não houvesse. Deixa de nomear os dias, pois eles se contam em seu reflexo.
É, talvez, ela nada saiba e por isso sobreviva entre sorrisos. Essa alegria sem nexo, sem tempo estipulado, que não se desmancha fácil. Pode ser que ela resista ao pranto, ao vício insistente das paixões.
De tanto tentar voltar, perde-se nos braços de um rio de amor.

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