sábado, 5 de maio de 2012

DEVO ESPERAR?

Quantos minutos consomem a minha já pouca paciência? A insistência do silêncio mergulhado nessas pausas intermináveis. Dúvidas multiplicando-se com o correr dos dedos do tempo, espalhando sarcasmo onde antes havia alguma esperança. Mais do que esperança, havia animação, promessa de festa. E agora o nada apaga as pegadas do entusiasmo infantil, da ansiedade quase nata, da loucura disfarçada de alegria.
Quantas ameaças cobrem meu leito vazio? Os lençóis dobrados, reproduzindo os sulcos na mente sonhadora. As palavras cavando fundo para não perderem o sentido na superfície do óbvio. A certeza esfregada pelas paredes, por dentro, por fora, por todo o lugar. Cheira à tinta velha, apodrecida pelos momentos desperdiçados, pelo calar de mais uma noite.
Quantas sentenças proferidas pela minha razão? Pensamentos debatendo-se com medo de não serem mais do que ilusões. Sombras e luzes, cores e flores, encantamentos seculares, maldições quebradas. O anoitecer caindo sobre um sol que não se sustenta, pois é irreal.
Quantas fantasias merecem morrer assim? Os minutos embolados nas horas que se antecipam a qualquer perda. Hora de deixar de esperar, de perder os sentidos, de trocar as capas e deixar tudo escapar. Não há prazer nessa espera, não há nem ao menos um propósito, uma estratégia, um argumento que valha.
Devo esperar? O eco volta a perguntar. Não, não devo esperar. Nada, nem ninguém. Porque o que será, será...E o que tiver valor e for de verdade jamais poderá ser esperado. Porque será. Apenas será. 

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