quinta-feira, 10 de maio de 2012

POR ACASO


Não foi calculado.
Não foi planejado.
Não foi sequer sonhado.
Foi por acidente.
Foi quase indecente.
Aconteceu improvisado, entre ondas de um dia qualquer. 
Sob o sopro inconstante do tempo nas dunas do querer.
Então, não me culpe.
Não me leve a mal, nem a bem, nem mesmo além.
Constate o fato, decifre o enigma e me chame de novo.
Porque foi assim nesse inexato momento.
Nasceu deste seu suposto pensamento.
Cresceu ideia e desceu sentimento.
Alcançou o profundo, atingiu o calor e transformou tudo em chamas.
Não foi deliberado, nem mesmo aguardado.
Foi apogeu e fúria.
Foi o que dava pra ser naquele instante.
Escorregou entre os dedos, lambido, sugado, tragado.
Surgiu nos seus olhos e adormeceu nos degraus das palavras.
Bateu na minha porta.
Suspiro, gemido, tremor.
Acabou ali, espalhado, inerte na sua desaprovação.
Não foi o que eu queria.
Não foi o que eu tinha.
Escureceu antes do tempo e perdeu a hora. 
Foi mudo, duro, frio.
Trouxe de volta, puxou para o fundo.
Emudeceu de vez.
Foi tudo.
Foi nada.
Cada peça em desalinho total.
Sem trégua, sem selva, sem nenhuma promessa.
Não foi por você.
Não foi por mim.
Foi à toa.
Foi por acaso.


Um comentário:

Ana Silva disse...

Adoro o acaso e as surpresas da vida!