sábado, 13 de abril de 2013

IRMÃ

 
Ela é toda dádiva. Presença e testemunha. Energia, fogo e coragem. Traz tatuagens na pele como pintura de guerra. Teriam mesmo essas marcas de ser eternas. Porque as batalhas são muitas e não cessam com um estender de bandeira branca. De tantos amores desfiados e em novelos de elos transformados, fez-se luz no caminho dos outros. Força da natureza que ninguém pode impedir.
Ares de quem guarda indiferença aos acontecimentos, mas em um só segundo chora e desemboca todas as águas. Oceano aberto em prantos sucessivos, de todas as cores herdadas. Nos olhos em que passam águas, junta-se lama, barro moldado em preces desconhecidas. Muitos séculos a percorrer aquele olhar. Quando se diz sem esperança, ventos se tingem de verde só para desafiá-la com novos planos. Não há tempo para desistência no reino da boa vontade.
Depois de tantas idas e vindas, sobressaltos na montanha-russa cotidiana, conserva aquele jeito de menina, que logo aprontará mais uma das suas. Boca e nariz moldados na perfeição grega. Ou romana. Sem referências neste mundo, porque só os fortes entenderão tanta beleza.
Não sei quando nossos caminhos resolveram se cruzar. Não anotei uma data. Foi mais do que um simples encontro. Foi um pacto de almas. Do riso às lágrimas, carregando nossa bagagem. Uma esperando pela outra, até que o peso se torne mais leve.
Inspirei-me na sua coragem. Já tinha o não. Isso você me ensinou. Mas só me disse  certezas quando as dúvidas escorregavam pelo meu chão. De repente, a vida apressou alguns compassos para recuperar o ritmo que nos faltava. Agradecimentos seriam inúteis. Não há nada que possa traduzir verso e avesso.
Eu escolheria você todas as vezes na fila dos benefícios. Vou grudar em você, como amuleto, como quem já recebeu toda a recompensa. Viver mais uma fase que não altere o fato: marca na palma da mão, visita eterna no meu coração. Destino? Escolha? Não precisamos de nomes para definir o sentimento. Minha amiga nos campos de batalha e naqueles coloridos de morangos. Canteiros de mil flores, ervas daninhas nunca nos detêm.
Não, não me tatuei. Não o farei. No entanto, se olharem de perto, entre as mãos, no silêncio guardado, verão que coberta estou de todas as suas cores. Tingida de Fernanda, minha preciosa mais briguenta, minha campeã de audiência.
Amo você, amiga, irmã, minha companheira de pichações no muro da vida. Para sempre!

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