sexta-feira, 26 de abril de 2013

EM FUGA


Marquei encontro. Secreto como deveria e poderia ser. Desisti das horas para acertar local e humor. Vestida de Alice procurei por tocas mágicas, coelhos apressados e chapeleiros malucos. Nada achei.
Sou grande e, às vezes, tão pequena. Gosto das rosas ainda brancas, mas logo reconheço o sangue que as cobre. As pétalas se desfazem nas minhas mãos. Espinhos que são, ficam cravados na palma esquerda, adivinhando sorte e glória. Linhas multiplicam-se à procura de abrigo no destino.
Eu tenho pressa, loucura e paixão. Em poças refletidas estão minhas expectativas, temendo atrair mais acontecimentos do que borboletas. 
Quando se guarda assim um segredo, já se levanta com a guarda real batendo à porta. Eu fujo, descalça, em vestes transparentes com cristalinas verdades. Pés feridos pelas pedras e realidade. Mãos em luta com a possibilidade de maiores sonhos. Colho as pegadas que insistem em me denunciar. 
O sol rende-se à promessa da noite. Sinto o manto de estrelas deslizar sobre meus medos. Recolho-me febril, trêmula, ainda encantada. 
Sempre será assim. O desconhecido revelado em olhos sombrios. O segredo camuflado, comungado em luares fugazes. Estarei ali, na hora e lugar marcados. Secreta cúmplice. Maldita em todas as fases da lua. Bendita testemunha da sua inocência. Álibi, ônus e prova. 

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