quarta-feira, 11 de setembro de 2013

AMANHECER

Deito minha cabeça no teu peito para escutar além do amar. As ondas invadem a madrugada chocando-se contra a ausência de tempo. Nossas horas se vão, uma a uma, emprestadas às saudades. 
Termina o prazo, aumentam as dobras nos lençóis. Há espaço demais entre os travesseiros. Silêncio para não acordar as lembranças recém tecidas. Hora de levantar, de deixar ir. 
Não podes ver, mas sacudo os pensamentos até que a tontura embaralhe ordem e senso. Te prendo em meus sonhos para te soltar na vida. Faz sentido para mim. Libertar me dá o mesmo prazer que dedilhar pele e alma. 
Meus passos amanhecem lentos e indecisos. Sem direção certa, sem projeções ou sombras. Acompanho de perto, eu gravo gestos, recolho palavras. Para não me esquecer desta parte que se vai de mim. Nem desconfias o quanto me arrasta contigo. 
Entre um gole e outro, esfrio desejo e pressa. Café, leite e sorriso, oferecidos. Beijo, abraço e algo mais que vou deixando levar. 
O dia começa pelo avesso. E no verso, já me antevejo.

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