domingo, 8 de setembro de 2013

LIGA


Vontade de ligar traços, pontos e estrelas. Liga. Perde o número dos toques. Suspira e deixa a calma sair pela porta. Há todo o tipo de nó prendendo o desejo à cadeira do esperar. 
De saudades, tece todo um manto para a noite que se aproxima. Reconta os pontos, aperta a linha, suspende um suspiro. Suas mãos tremem com a ausência das dele. Deslizam no vazio desejando pele e acolhimento. 
Recolhe inúmeras estrelas na imaginação. Pede e espera ser ouvida. Como se o tempo fosse encolher a qualquer momento. De repente se pega sorrindo. Fecha os olhos, como qualquer naufraga e sente o seu cheiro. Seus sentidos alertas cravam punhal no tronco da árvore do desejo. Desenham suas iniciais, esculpem seu rosto para que nada mais se perca em lágrimas. 
Se ela pudesse, faria as horas correrem. Elas ainda grudam como folhas, lembretes dos beijos e promessas subentendidos no olhar. Sem explicação, sem lógica alguma. O caminho iniciado meio por acaso, tropeçando em medos e cortes. Há mais, muito mais força nela do que um só olhar pode perceber. A delicadeza não teme craquelar. A gentileza não perece por ansiedade. 
Mais alguns passos adiante. O zumbido aumenta, é o pulsar das veias nas têmporas, sangue recuando, poupando-se para o que virá. Ela apenas sabe, balança a cabeça espalhando cabelo e pensamento. 
Conta os dias nos dedos. Sorri para o espelho, riscando pressa e tormenta. Toca vidro, desliza pele no mármore gelado e aguarda. Nada mais a temer. Nada mais a guardar . Dentro dela, toda a força que, felina, invade a noite sem se importar se há lua ou não. 


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