sexta-feira, 17 de agosto de 2012

QUE SEJA AZUL

Encantada. Não havia palavra melhor para descrever o seu estado. Nuvens da razão sobrevoando seus pensamentos em vão. O sol já havia invadido tudo e seus raios estendiam-se além dos limites razoáveis. Tudo era luz, calor e paixão.
Ela encolheu a própria sombra para que mais luz pudesse existir. Que aquele dia fosse mais do que branco, que suportasse a aquarela inteira em suas horas. Precisava haver muito mais do que o possível. Pedia que o infinito lhe fosse concedido naquele instante e que tudo fosse transformado. Uma notícia, um bilhete, uma mensagem qualquer que a livrasse do paralisante silêncio. As breves conversas compartilhadas em segredo espalhavam-se em sua mente como alegres margaridas. Era tudo ao mesmo tempo suave e intenso, como um novo elemento adicionado ao seu cotidiano.
Não queria pensar em escolhas ou possibilidades futuras. O medo sombreava seus pensamentos mais íntimos. Sentiu cheiro de mar, quis as ondas e o sal. O verde profundo tornando cinza. Mas o azul estava lá, no infinito que lhe cabia.
Levantou os olhos com um respeito quase exagerado. O domínio da cor e luz a deixava embriagada. Como se tudo a sua volta virasse um carrossel com  suas sucessivas emoções. No final, ela só queria a mesma canção, o mesmo rosto com o único sorriso que lhe pertencia na lembrança. E desejava que fosse azul. Só azul.

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