domingo, 7 de outubro de 2012

ELA

Chega de repente. Ventania como sempre. Uma presença quase sutil a princípio. Camuflada em força da natureza, invadindo espaço e tempo. 
Em um só olhar reconhece  todo o território como seu. Não, não é modesta e não recebe ordens de ninguém. Tem os seus princípios básicos e outros tantos atirados à fogueira. Sem pensar duas vezes, embaralha teus sentidos.
Se ela pedir para dançar, já estará dançando. Se pedir para provar, já terá derramado todo o vinho. Se repetir as palavras será  somente porque já se cansou do mesmo caminho.
Não tente compreendê-la e muito menos segurá-la. Ela já não estará em teus braços. Terá partido antes mesmo do primeiro laço. Não sem antes arranhar teus planos e desejos. Não faz por mal. Também não faz por bem.
Quando espalha os cabelos no ar é quase por vingança. Para que não enxergues nada além dela. Para que não haja dúvida do seu domínio. Mesmo que seja tudo dúvida e avesso. Mesmo que ela nada saiba dos teus passos.
Ela ousa fingir te seguir. Mas todos sabem que ela nunca estará na sombra. Buscará artifícios para te tornar leal. Roubará  tuas forças quando menos esperas. Sem arrancar um único suspiro, entre os dentes, cortará tua esperança. E enfeitará tudo com flores. Vermelhas, claro.


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