sábado, 11 de maio de 2013

A RECOMPENSA

Sem certezas, sem promessas, sem quase forças. Era agora a hora de parar? Momento de sentar e começar a chorar? Diante das portas trancadas, somente a atitude de arrombar e invadir. Não precisava de convite ou tapete vermelho, apenas da sua tão temida ousadia.
Debruçou coragem e força sobre os obstáculos. Nada lhe parecia tão intransponível assim. A menos que os sentimentos fossem outros. Se a lua tivesse alterado tudo mais uma vez. Se as mares surgissem ao contrário, derramando-se em retirada. Enquanto houvesse luz, haveria também sombras. E perspectivas em tons pesados.
Percebia-se iluminada, produzindo regiões escuras, projetando suas manchas enegrecidas pela mediocridade. Nada mais do que a ausência, a origem dos mesmos passos em direção tão oposta ao antes determinado. 
Amassou lençol e planos enquanto despertava para mais um dia. Esticar os músculos parecia mais fácil do que estender o tempo. Nem mesmo sabia para que tanta pressa lhe servia, já que certeza de nada mais tinha. 
As portas estavam ali abertas, forçadas em arrombos de impulsividade. Para que serviriam agora? Passagens inúteis para o vão de novos acontecimentos? Folhas de madeira que só lhe despertavam indiferença e lentidão. 
Olhou novamente para todas as alternativas daquele caminho que agora lhe parecia longo demais. Atalhos já haviam lhe oferecido pedras e espinhos além da conta. Seguiria por ali mesmo, até que novos horizontes se desenhassem sobre a sua vida.
Observou o céu. Chovia. Lentamente, em pequenas gotas de preguiça. O sol ainda presente, um tanto resignado por originar sombras em cascatas. Haveria um arco-íris ali adiante. Contaria os segundos, os minutos, para que isso também acontecesse. Que das lágrimas celestes e sombras solares, viesse a sequência de cores que a tudo embelezaria. 
No fim, não antes nem durante, estaria ali o pote. Cheio de douradas alegrias, em ouro mergulhadas sensações. Era o que merecia, afinal. Nem mais, nem menos, ser assim recompensada.
 

Nenhum comentário: