segunda-feira, 4 de maio de 2015

ANOITECE-ME



Mostre-me as mãos e eu morderei as linhas em cada palma. Sangrarei meu gosto como desejo de muito mais. Que o seu destino cruze na extensão da minha vida, sem desiguais intenções. 
Diga-me quantas rainhas há na sua noite e eu rasgarei todos os véus que encontrar. Tomarei a espada mais afiada para fazer da lâmina meu espelho. Não temerei pela morte desses sonhos expostos em cristal e prata. 
Sopre-me os segredos que ainda guarda nos lábios e eu direi, uma a uma, as palavras que tornarão seus olhos cegos. Que o seu querer seja tão meu quanto a cama em que me deito. 
Revele-me suas luzes e eu abrirei meus olhos para melhor aceitar a verdade. Dos tons que colorem suas íris, farão parte de mim os mais sutis.
Dobre-me em seus braços como as páginas de uma história a ser relida. Seja bem-vindo o seu sorriso antes do sol a desnudar a noite.
Resgate-me dos mesmos sonhos em que persigo o amanhã. Que o hoje sirva como presente e agrade aos olhos e à mente. 
Beije-me em um vir sem partir. Assim, viverei, mais do que contente, o chão e o céu, nesses seus olhos de entardecer.

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