segunda-feira, 4 de maio de 2015

QUANDO O SOL VIER


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No meio do nada, entre as nuvens lapidadas pela chuva e culpa, um vão de possibilidades surgiu. Não era um caminho claro ou plano sobre o qual se poderia seguir sem dúvidas. Apenas uma hipótese remodelada, desenhada nos tons de um novo dia.
Ela estendeu os braços, dedilhando no ar à procura de chuva. A umidade desfalecia nos veios da madeira. Ela então sorriu. Quanta água havia passado por ali sem que seus pés tocassem a corredeira? 
Em momento algum, os seus olhos guardaram segredo daquele verão em chuva desfeito. O que havia ali, permaneceria ali. As sombras de um novo esperar.
O eco dos pensamentos anunciava a convicção de um erro repetido. Assim, ela viu surgir aquele que, sem cavalo ou armadura, não rei nem louco. O mar nos olhos a revelar os séculos já percorridos. As mãos despidas de oferendas dúbias. 
No céu, o rasgo de luz. A vida ganhando cores de aquarela esmaecida pelo tempo. De repente, não havia mais necessidade de explicação. Na luz, não existia espaço para mentira ou engano. 
O calor aos poucos derretia qualquer ilusão que não se encaixasse nas linhas escritas por ela. Fosse o que fosse, nada mais importava. Na sua chegada, a chave de mais um sorriso. O sol, enfim, chegara.

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