domingo, 3 de maio de 2015

TRÊS LETRAS


Talvez uma abreviatura. A representação dos três reis magos trazendo a boa nova. O trio a embaralhar todas as expectativas que já repousavam.
Na linha superior das palavras cruzadas, não há mais lacunas. Um raio do destino preencheu espaço e dúvida. Não mais confusão de línguas ou ideias. Poupou-se desejo e querer dos três pecados.
Não digo que sejam três segredos, mas milagres em cadência. Vê, ali no meio daquelas linhas, a natureza desnudou-se em pleno eclipse.
Uma sigla, um sinal, as três Marias. Fosse dele o nome ou uma mensagem em código. Melhor seria se fossem o dia e a noite misturando-se em poesia. Poemas virando gaivotas, suspiros e beijos.
Rapsódia em cores fortes, o ritmo acelerado da pulsação, ansiedade pelo que já se encontrou. Três moedas pelos seus pensamentos. Ou atiradas ao poço dos desejos.Três meninos perdidos sob a lua cheia.
Três minutos para os lábios emudecerem. Três letras guardadas nos olhos em sintonia.
A paz. A entrega de todos os músculos no encontro improvável. As lanças abandonadas no domínio do querer. Punhais sem fio. As mãos dadas em abraços.
Três atos da mesma festa. Um trio de convidados sob as luzes multiplicadas em olhares trocados.
Um nome, talvez. O nome dele. O nome dela. O repouso, a encrenca, o querer ficar para sempre.
Lei no céu. Um rei. A trinca de ouros. Sei, mas não revelo. Os três segredos, as letras que não conto.

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