domingo, 13 de janeiro de 2013

CONEXÕES


Há uma lenda temida por todos. Que se há vida, haverá também ligação servida. Não puramente um laço, porque esses sempre acabam em nós. Apenas a revanche do sentir emudecido pelo medo.
Prende-se por sangue, por raízes trocadas no útero. O que vem do mais querer, do perder de vista e fazer além. Luzes convergem para o mesmo ponto, imantadas, irmanadas em suspensa harmonia. Não se misturam nem se mesclam. São ainda únicas, cheias de partículas divinas.
Há outros elos que conectam um e outro como pares. Desses, pouco se pode dizer. Há de se experimentar, na própria pele, a sua potência e dor. Porque haverá dor, claro. Ninguém se encaixa na alma do outro impunemente. As sensações trocadas, repassadas, enfim mastigadas, transformam-se em lava incandescente varrendo toda e qualquer resistência. Indiferença não existe aqui. Não se prova nada e  alguma alegria pode brotar mais facilidade na primavera de amores.
Alguns rezam e apelam para todos os santos para que essa tal conexão exista. Outros a repelem por já conhecerem o desfiladeiro escuro envolvido no trajeto. Não se revela um procedimento padrão, nem pagão, nem cristão. É tudo mutilação se não houver valor na quitação. Nem sempre une, nem sempre melhora. De vez em quando, a força atrativa surge onde se quer distância. Não se escolhe conexão. Ela acontece ou não.  

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