sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

DAQUI PRA LÁ


Desfaço tudo antes do momento tão aguardado. No limiar de alguma coisa que não se define. Na sombra de um acontecimento qualquer que se instala no calendário. Assim acontece o dia. Assim passam as horas, uma a uma, cambaleantes. E os minutos tombam como um infinito circuito de peças de dominó. 
Sei que escandalizo. Sinto olhos pousados no enredo da minha vida. Ofereceria melhor romance ou talvez comédia mais divertida. No entanto, esse desenrolar descompensado é tudo o que tenho para apresentar no momento. 
Meu domínio, meu reino de fantasias doces e loucuras a azedar. Não vale a pena explicar que limites não cabem aqui. Que daqui pra frente, não há margem alguma. Que daqui para o sempre não se encontra obstáculo algum. Que daqui para lá são só abraços e beijos que não precisam de permissão. 
Custa-me saber esperar, encontrar razão nas pausas impostas. Tenho muitos compassos apressados em mim. Molho lábios, mordo palavras com avidez. Abro novos prazos, redijo cartas de solicitações vazias. Devolvo correspondência que não me revela nada. E assim, sigo daqui pra lá.
Tempo provocador. Segundos insistem batendo como pingos contra a capa que em vão me cobre. Nada me protege do espaço vazio que aumenta a cada instante revolvido. Brechas mal aproveitadas viram canteiros de ervas daninhas. Minhas mãos já cansaram de arrancá-las. Deixo, então, que dominem tudo com suas raízes ávidas. Talvez, encontrem a origem de tudo no fundo do mais profundo. Talvez, suguem da terra os elementos que me faltam. E sem muita delicadeza, possam dominar as expectativas, prender os sonhos ao solo para que as promessas não cresçam demais.
Se chegar mais perto, suja suas mãos também e a ponta do nariz. Porque daqui para lá é tudo história minha. Então, não peça licença. Ela não será negada. Nem tão pouco dada. A conquista do território já aconteceu. 

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