quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

NOITE DEMAIS


Por falta de opção, ela fechou a janela. Trancou a porta. Silenciou os pensamentos. A noite erguia-se além da muralha dos sonhos. Sentia tanta saudade que a vista escurecia. Recontou as fantasias que invadiam sua mente. Uma a uma. Duas a duas, até os pares encontrarem a harmonia necessária. Por certo, tudo estava bem. Melhor do que na semana passada. Talvez não tão bem quanto desejava. Tudo era uma questão de tempo. De rever a tempo o que lhe faltava.
Ela olhou para as flores. Tentou adivinhar-lhes o perfume. Inútil movimento, pois delas nada era real, nem as cores, nem a intenção. Sentia a garganta arranhar como se as palavras quisessem subir e se agarravam ao que fosse possível. Nada falou. Também não gritou. Apenas suspirou querendo gemer de agonia. O calor tornou-se vazio em poucos segundos.
Imaginou-se ainda mais só. Buscou a segurança do esquecimento. Não a encontrou. Tudo estava aberto, exposto, ferida e cura. Não era medo. Era falta de imagens que lhe enfeitassem a alma. A espera que percorria os dias com passos lentos demais.


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