quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

VORAGEM

Das lágrimas contidas, um riacho se fez. Que seja esquecimento o percurso escolhido. Esta tempestade em moléculas cadentes. Ao menos, a perdição poderia ter escolhido o mar como destino final. Rompendo em sobressalto, as ondas expulsariam todo o absurdo que em mim se instalou.
O abismo passou a residir nos meus pensamentos por tempo indeterminado. Quero tudo e ao mesmo tempo com a precisão de um furacão. Um redemoinho surge sugando toda e qualquer possibilidade de paz. Para o fundo, sem ar, sem salvação.
Convido meus sentidos a duvidar do que percebem na imensidão do pavor que me habita. É tudo ilusão decadente.
Tormenta transferida de um pólo a outro, com requintes de tortura medieval. De onde, agora, surgem os cavaleiros que anunciam fogo e provação? Eu provo, desaprovo, nego.
Quero o pesar de uma certeza qualquer. A estranheza de uma voz consolando meus anjos. Décadas em mim exigem melhor contemplação.
É muito, mas o momento requer o exagero. É tudo, mas é por pouco tempo. Ainda desejo que descubram surpresas em meu corpo. Que desvendem minha alma como enigma ou palavras cruzadas. Que seja dor, mas que seja logo. Porque de tanto esperar, minha vida enlouqueceu.
 
 


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