sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A ENTREGA

De repente, o querer torna-se vendaval. Desses que arrancam raízes e razões. Sem muito tempo para pensar, o encontro acontece como desde o princípio deveria ser. Plena descoberta em oceano de emoções. 
Não saberia mais separar o que invade pele e alma. Limites desfeitos, deleite abrigado, mensagem decifrada. Marcada com beijos e palavras, seguro o fôlego e mergulho. Ao alcance das mãos que ainda procuram o secreto momento. 
Sem medos, sem reticências, sem meros acasos . Abençoado encontro que se revela tão próximo. Em trilha de luzes que se expandem em estrelas surgidas no ontem. A presença de um sol, de um aglomerado celeste que talvez defina o que se vai desenhando em mim. 
Palavras repetidas como mantras. Tão insistentes que se fazem permanentes, ora  iniciais em troncos despidos, ora cicatrizes no corpo ainda quente.
O tempo balança devagar como promessa. Pele sobre pele, olhos em sonhos mergulhados e o mundo buscando calma em beijos e abraços. Palmas encostadas até que as linhas se confundam. 
Desejo de fazer feliz que se confidencia em oração silenciosa. Não abrigo mais uma história. O enredo é agora meu guia e os personagens há muito trocaram de cena. 
Peço silêncio para que possa refazer o trajeto dos pensamentos. Tanto sentir me causou estranhamento. Já não sou a mesma. Parte de mim se foi, clonada, em arte transformada. Entregue enfim.

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