sábado, 10 de agosto de 2013

TEUS OLHOS EM MIM


Já foi o dia. Passou a noite, rasteira e silenciosa. Orvalhadas expectativas de um novo começo. Ou, talvez, de não mais precisar desfazer laços e nós. Amanhecer simplesmente com a intenção de não mais pertencer a este ou àquele caminho. Ser, de novo, mistério e intenção. Desapego e alento. Jura e sorriso. 
Quando quieta me enrosco em planos que mal tracei, percebo que não estou só. Que já me visitas. Desnudas minhas reservas, como quem já conhece o caminho de me perder. Em sonho, em pensamento, em jornada de não querer mais.  
Invisível presença. Como vento quente, que conforta para depois varrer lembrança e poeira. Mesmo de diamantes. De brilhantes risos. Em pó, retornará passo e cansaço. 
Sinto teus olhos sobre mim. Não pesam. Não violam. Estão como que em espera, aguardando o trem dos acontecimentos. Meu corpo, estação interditada. Ameaça de bomba, fechada conexão. Sem mais deslizar pelos trilhos que de mim partem. Sem socorro, olhos percorrem desvios e vazios.  
Silencio, me aquieto, para não mais ocupar espaço demais. Se me perceberem inerte, talvez, teus olhos não registrem mais dor. 
Passagem e paisagem, só de relance encaixe. Que sejam doces visões, porém sem apego. Porque se teus olhos mergulharem em águas turvas, terão mesmo de descobrir o profundo esquecimento. 
Em mim, se perdem desejos. Em mim, se desfazem sonhos e  destinos. Em mim, pousam teus olhos. 

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