quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O SEXTO

Não era para ser, mas foi. De maneira natural como a criação. Era dia dos animais, dos domésticos e selvagens. De Adão e Eva em sua primeira tentação. As horas correndo em direção ao apogeu. Não era dia, não era encontro marcado, mas assumido desejo de reencontro. Foi então como deveria ter sido desde o dia que se fez luz. 
Ela observava os minutos como se eles pudessem congelar sob o seu olhar. Eles só deslizavam para baixo de todas as expectativas que agora surgiam. Na pressa de uma surpresa recém anunciada, não tinha tempo para se deixar levar pela fantasia. Pequenos detalhes teriam de ser suprimidos, varridos para o mais tarde como se promessas não fossem permitidas ali. 
O universo preparado só para aquele instante. Egoísmo de enamorados, contorno de estrelas desenhado a lápis de cor. Estenderia tapete vermelho, talvez roxo, se pudesse demonstrar o quanto ali a alegria lhe aguardava. Talvez ele entendesse o que pretendia mais do que ela mesma. Talvez a calma o abraçasse com mais frequência. Dela só poderia surgir tempestade camuflada de brisa. Contida, em sorrisos quase adormecida, a intensidade ali estava. Nos olhos que buscavam esquecimento e desculpa. Nas mãos que percorriam pele e descoberta. Naqueles passos que tontos já se pareciam tanto com o caminho. 
Era o sexto. Em sentido estendido. Vidência mais do que aguardada. Selvagem união que só se cobrava desapego. Em paraíso perdido, borboletas em esboçado voo. A partir dali, só o descanso.

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