quinta-feira, 1 de agosto de 2013

QUASE EQUILÍBRIO


Dependia só dela. Já sabia disso. O equilíbrio entre o querer e o aceitar. Não muito animada com as escolhas que caberiam a ela, preferiu silenciar vontade e tempestade. 
Respiração lenta para não apressar mais os pensamentos. Repetição de mantras inventados só para apaziguar o momento. Coluna mais ou menos ereta porque os caminhos assim o permitiam. Pés afundados em areia, talvez movediça como seus sentimentos. Olhar distante como se adivinhando o horizonte. 
Ela não estava mais ali. Não de todo. Em parte, precisava estar distante e neutra. Por hora, por aquele período de necessária ausência. Para tranquilizar dragões e serenar vulcões. Refazia cenários como quem troca incêndio por paisagem. 
Tentava em vão, escapar da teia imaginária. Rasgava fio a fio, depois tecia novo labirinto. Mãos nervosas, boca seca, pele arrepiada. De onde viria o desassossego que insistia em chegar sem convite? 
Sem sentido algum, mais fera do que bela, a intuitiva versão novamente se esgueirou pelos corredores da sua mente. Os soldados da sensatez logo a avistaram e prontamente a seguraram. Por um minuto ou dois, até quando a meditação conseguisse planar pensamento e instinto. Pouco, muito pouco, nem perto do suficiente. Amarras arrebentadas com um sorriso fácil, um gargalhar mais profundo, um fungar de corpo e alma. 
E lá se foi o equilíbrio. Pra longe, se perdeu prazo e disciplina. Encostada em premonições estranhas, ela forçou inercia. De tudo, se cansava. Porque ali não estava o mais desejado, o mais batalhado, objeto e sujeito. 
Era um jogo, talvez perdido. Ela não gostava de jogar. Por talento ou não, era mais vida do que trama. Mais sentir do que orquestra. Mas precisava ficar, calar, adormecer um pouco. Deixar passar. Ela não passaria. 

Um comentário:

Edificarte disse...

Boa tarde..

Passando para desejar um dia abençoado
para você e sua família.

Abraços.

Jesus Cristo te Ama
Ele é o Caminho e a Verdade e a Vida.