domingo, 4 de agosto de 2013

TEU


Sem posses, sem curso ou discurso, entrego o que de melhor possuo. Não há definição para o que carrego para te ofertar. Não é laço, acaso, cansaço. Não se traduz em palavras, nem pesa como ouro ou prata. É somente teu como devia ser. Sem contrato, sem valia comprovada. Um pouco de tudo e muito de cada. 
Não há orgulho no presente que te desembrulho. Não há vaidade nos papéis que se rasgam. Há somente o que pensava ser meu e já era tão teu. Acompanha música e beijos. Espaço e descanso. Será preciso usar luvas de gentileza para que não se estrague o que te chega. Delicadeza de olhar e coração. Apreciação de conhecedor, emoção de sonhador. Toda tua experiência será apenas inocência, já que é tudo tão antigo e puro. 
Pedra preciosa não é. Nem carne, nem ossos. Não precisa de olhos para ver, nem de qualquer sentido para prever. Descansa instinto e receio. Desarma defesas e reservas. Invade como onda ou talvez destino. Atravessa pele, inaugura sensações. Esquenta, mas não queima. Adormece em teu corpo e acorda em tua alma. 
Não vendo, não troco, não compartilho. Já nasci assim, proibida de desfazer do que já levava teu nome. Não são só palavras. Não é somente emoção. É o avesso do que já vivi. É o começo do que nem prometi. É caminho não percorrido. É o que nem sei nomear. 
Talvez não te agrade. Talvez seja do tamanho errado, da cor trocada. Talvez seja exagerado, inadequado, fora de hora. Mas é teu. E isso já não posso mudar. 

Nenhum comentário: