sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

DIAS SEM NÓS

É, o mundo não acabou. O céu não desabou sobre nossas cabeças tumultuadas de sonhos. Tenho, portanto, alguma chance a mais de ver meus planos traçados e realizados. Guardo minutos em gavetas imaginárias só para poupá-los do desgaste do cotidiano. Embrulhados mimos de um desejo que despertou comigo.
As horas subindo e descendo as escadas rolantes da imaginação. Portas batendo fora do ritmo dos acontecimentos. Onde estamos nós que não nos encaixamos no aqui programado? Reviramos a agenda das oportunidades e rasgamos as férias, os feriados, os fins de semana que não nos esperaram. As noites perdidas, sem sono, sem dono, sem como chegar. Tropeçamos em degraus que nunca existiram. Obstáculos invisíveis que nos desafiam com a finitude de tudo.
Nada será tão infinito enquanto dure. Não obedeceremos às regras do poeta. Teremos mais razões a cada momento para deixar a vida tomar seu rumo. Antes que tudo se torne propriedade do acaso.
Daria quase tudo para não ceder à intenção do tempo. Desataria nós se não sentisse pena de desfazer o laço. Abriria os presentes antes da hora só para não ter mais que adivinhar de onde vêm as graças. De todos os papéis, teria um preferido e o desamassaria com carinho de quem quer poupar o momento.
Mas tudo é muito pouco, tudo é tão ínfimo quando o calendário comanda. Traços vermelhos cobrindo tudo o que já se foi. O contraste do futuro em números definidos, maiores do que todas as nossas expectativas. A espera revela-se dolorosa e ao mesmo tempo terna. Misto de esperança e inquietação. Menina esperando Papai Noel chegar e deixar sob a árvore dias e sorrisos. Ter o aperto de um nó desmanchado na certeza de mais de nós. Muitos nós. Nossos.
 



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