sexta-feira, 7 de setembro de 2012

TODO O QUERER

Foi meio por acaso, ela agora percebia. Não tencionara dar um passo além, mas o perigo parecia hipnotizá-la. O eco surgia em ondas que a lançavam para o abismo. E ela nem mais sabia se queria fugir dele. Era tudo tão rápido e intenso, como um festival de luzes que a desafiava para mais um duelo.
Podia sentir a música dominar seus sentidos. Tinha certeza de que ele a tornaria surda para qualquer conselho sensato. Não era mesmo hora de ouvir o bom senso. O nada lhe caia muito melhor agora e a melodia coroava o instante.
Podiam  ficar ali pra sempre na antecipação do que seria o inevitável encontro. Trocaram segredos, abriram portas, atravessaram pontes. Houve dúvidas e silêncio. Alguns passos dados para trás  à  espera do melhor momento. Este nunca chegaria para abençoá-los com um final feliz.
Ela sabia que poderia desistir. Que deveria virar as costas e deixar que tudo desmoronasse. Seria rápido,  mas nada indolor.
Não era o certo. Não era o melhor. Mas era tudo o que queria. De uma imensa glória que lhe atingia ao meio. Suportaria os raios e trovões se ali pudesse ficar. Rezaria sempre por mais uma oportunidade junto àquele que lhe tingia os olhos de alegria.
Não sabia se era amor. Provavelmente não. Talvez paixão pelos acontecimentos que se acumulavam à porta da inconstância. Era tudo aquilo e mais um pouco. Escorria pelos cantos e beijos que se multiplicavam vorazes.
Não era errado. Não era pecado. Tinha cores muito próprias e sons muito sutis.Tinha de ser verdade. Devia ser selado como voto, como pacto secreto e promessa não dita. Eles estavam lá. E tudo mais deixava de existir. Era dor, era calor, era ainda mais simples. Era apenas o que tinham. Todo o querer do mundo.


Um comentário:

Ana Silva disse...

Amiga, onde vc busca inspiração? Te admiro muito.