sábado, 1 de setembro de 2012

A DESCONSTRUÇÃO DA PAIXÃO


Então, você faz assim: rasga logo esse painel bucólico que enfeita o fundo do meu coração. Pica em mil pedacinhos para facilitar a reciclagem. Viu? Fácil assim. Agora, pega esses personagens fictícios e desmembra. Um por um. A cabeça deixa inteira, mas só a minha. O resto, corta. Como? Olha aí o machado da realidade. Pega e arrasa! Vai, anda logo, que a fila é grande e a paciência é pouca.
Juntou as peças do cenário? Pega aquela ilusão ali e guarda no armário. É, nunca se sabe quando se precisará de uma. Esses sonhos, você embrulha com cuidado. Lindos, não? Confeccionados com o melhor da alma. Claro que vão servir para o próximo espetáculo. Não se fazem mais sonhos como esses!
Varre essas boas intenções para debaixo dos últimos acontecimentos. Não precisa esconder, elas vão se desfazendo pouco a pouco. Não há pressa, tudo se coloca no devido lugar. Enrola agora esse tapete vermelho. Ninguém mais vai pisar nele. Não tão cedo. Sorte que não deixaram muitas marcas.
É isso aí, acabou. Ah, eu sei que nem houve estreia, mas a divulgação já estava rolando, né? Então, devolvemos os ingressos, fechamos as portas e aguardamos uma nova produção.
Baixa a cortina e escreve um bilhete de despedida. Curto e justo: THE END.
 


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