quinta-feira, 18 de julho de 2013

MENSAGEM SEM FIM


Ela procurava pelo profundo e obscuro sentido de tudo, pelas revelações mais sutis no intervalo de uma palavra e outra.  Atravessaria o oceano da indecisão se lhe fossem revelados causa e efeito.  Ainda desconhecia andamento e custo, mas aceitava a parceria incerta.  
O mistério teimava em invadir as margens da história ainda recente e frágil. Devorando razão, camuflando dúvidas e anseios. Tudo encoberto por um misto de encantamento e ferrugem. Sentia o gosto de sal, areia e algum sonho triturado sem delicadezas.
Pedaços de ilusões foram assim atirados contra a janela das intenções. Por lá, nada parecia passar. Nem sua presença parecia pesar ali. Nada se adiantava na hora. Os minutos mesclavam-se às palavras, algumas bonitas, outras mais ousadas, as últimas de merecido esquecimento. 
Ela deitava-se sobre flores ainda por desabrochar. Um certo receio de florescer antecipado, de apressado desapontamento, de um fim prematuro. Temia desgastar aquelas preciosas pedras com os dentes da sua impaciência. Lutava contra sua própria natureza para assegurar uma chance a mais para o que lhe apresentavam como enredo de mais um romance. 
Por mais que recolhesse asas e plumagens, seu instinto era voar, permanecer em delírio valsante até que outra tempestade a trouxesse à terra.Já previa os pingos a lhe desbotar a alma alegre.  
Descascava argumentos para livrar-se das interrogações que se amontoavam pelos cantos. Cada pensamento brotava carregado de alegrias renovadas. Dessas surpresas que preenchem os espaços e limpam maus presságios. Assumiria de vez o insensato querer como mapa amassado do destino. Que fosse assim, um começo sem fim previsto. Um reinado de sensações em território desconhecido. Que seja história sem mensagens, sem segredos, sem final. Abraço e beijo. Só. 

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