terça-feira, 16 de julho de 2013

NUVENS


Vontade de ali ficar, acomodada e aquecida. Talvez até mesmo esquecida do que a realidade lhe traz. A leveza das sensações. O doce toque de asas em sua pele como se anjos a visitassem mais de uma vez. Seria fácil se entregar de vez a essa fantasia, de se fazer completa em descoberta. 
Ela espreguiça corpo e alma. Felina coincidência de sentimentos e condimentos. Sem pressa, fareja o dia à procura de novas surpresas. Deseja permanecer enrolada em panos de amor, aconchegada nos braços imaginários, embriagada, abrigada em bem querer. 
O dia pega em suas mãos e a convida para nova dança. Há muito ainda a fazer. Embala, então, presente e futuro como se tudo dela ainda escorresse. O espelho revela olhos adocicados pelos dias corridos e tão bem vividos. Sorriso de muitos dentes, todos prontos para mastigar ilusões. Lábios rubros quase em hematomas desenhados. São beijos já tatuados, impressões aos poucos reveladas.
Abre janelas com a lentidão de quem planeja algo. Sente o vento espalhar cabelos e pensamentos. O sol tinge sua tez e desperta seus olhos para o horizonte. Ondas de lembranças sacodem seu riso, seu siso, seu liso entender. 
Lá estão elas. Imagens dispersas, que aos poucos se acumulam sobre o azul insistente do céu. Leves, sem contornos, vaporosas em algodão desenhadas. Nelas, pode-se imaginar. Plena em sua etérea passagem. Repleta de prometidas chuvas a desaguar quando assim pudessem. De lá, não queria mais partir. Suspensa em condensação acarinhada. Nuvem atravessada por raios de sol. Acumulada de vapores e amores. Se a chuva vier, que seja bem-vinda. Se feliz ainda for, que seja pela vida toda. 

Um comentário:

Rose Monteiro disse...

Muito Lindo! Suas postagens, cada vez mais profundas e sensíveis, nos fazem refletir e sentir a Vida em toda a sua plenitude Parabéns Amiga!